Conteúdo organizado por Deborah Costa e Zuleica Ramos Tani em 2022 do livro Design Instrucional na Prática, publicado em 2008 por Andrea Filatro, pela editora Pearson Universidades.
O e-Learning no contexto do Design Instrucional na Educação
Vamos abordar alguns tópicos do e-learning que você precisa saber para desenvolver um projeto de design instrucional de sucesso. O e-learning pode ser síncrono ou assíncrono e por conta disso a elaboração do projeto de design instrucional pode variar muito entre um modelo e outro.
Neste formato, a experiência do aluno é similar ao de estar em uma sala de aula, embora possa estar do outro lado do mundo. As ferramentas mais usuais para proporcionar essa sincronia são chats e webconferências. Uma vantagem desse formato é que a interação entre os alunos pode ser bem alta, já que estão todos conectados ao mesmo tempo.
Outra vantagem é que o aluno tem acesso direto ao professor quando a aula está sendo dada. Assim, dúvidas podem ser sanadas em tempo real. No entanto, como você já deve ter percebido, para boa parte das pessoas que optam por um curso a distância, é praticamente impossível colocar todos os alunos juntos em um mesmo dia e horário.
Por exemplo, o curso de pós-graduação a distância costuma oferecer momentos síncronos de interação, mas só há participação de todos se tal encontro valer nota para aprovação na disciplina.
Na realidade, se o curso for previsto como síncrono o aluno precisa ser avisado de que todas as aulas serão realizadas online ao vivo e depois sua gravação ficará disponível. Afinal a gravação de uma videoaula é bem diferente da gravação de um encontro ao vivo.
Este formato tem a vantagem de poder ser acessado a qualquer hora e o progresso de ensino será dado pela velocidade desejada pelo aluno. Embora seja uma vantagem para uma grande parte dos alunos, pode ser uma desvantagem para outros que ainda não estão habituados a estudar por conta própria, e em muitos casos os alunos se sentem abandonados pelo professor e desistem do curso antes do seu término.
Palloff e Pratt (2013) relatam:
A facilitação habilidosa possibilita que os estudantes interajam uns com os outros e com o instrutor em um nível elevado. Os bons facilitadores monitoram a discussão, fazendo perguntas de sondagem para estendê-las, postam avisos e fornecem feedback imediato aos estudantes. Os indicadores de que a facilitação eficaz está ocorrendo em um curso online incluem o uso de atividades para “quebrar o gelo” no início do curso e, possivelmente, em intervalos durante toda a sua duração, de forma que os estudantes possam conhecer uns aos outros e se divertir ao fazê-lo.
Por isso, é dever do designer instrucional tornar o curso o mais atrativo possível para se reter o aluno. Antes de adentrarmos nos processos de design instrucional é importante que se conheça alguns princípios que todos os bons cursos online devem possuir.
Durante as fases de desenho do curso, os materiais a serem desenvolvidos devem prender a atenção do aluno, e para isso é importante saber quais são os elementos necessários. Robert Gagné (1916-2002), um psicólogo educacional pioneiro na ciência da educação, identificou as condições mentais que são necessárias para uma aprendizagem eficaz. Ele criou um processo de nove passos que identifica cada elemento necessário para uma aprendizagem eficaz.
Os nove níveis de aprendizagem de Gagné fornecem uma abordagem passo a passo que auxilia o designer instrucional a estruturar as trilhas de aprendizagem dentro dos cursos que estão sendo produzidos, de modo que os alunos desses cursos obtenham o máximo de suas oportunidades de aprendizagem. Os nove níveis são:
Nível 1: Ganhar atenção (Recepção). Comece a experiência de aprendizagem ganhando a atenção de seu público. Essa mudança no estímulo alerta o grupo sobre a aprendizagem que ganharão em breve. É possível ganhar a atenção aumentando o volume de sua voz, mostrando um pequeno vídeo sobre o tema que será aplicado ou usando qualquer outro evento que torna mais interessante o período de “espera para a aula começar".
Nível 2: O(A)s aluno(a)s devem ser informados(a)s sobre o Objetivo (Expectativa). É imprescindível garantir que os alunos saibam o que eles deverão aprender, e que eles entendam o que eles estão prestes a aprender. É preciso explicar o que os alunos irão aprender até o final da atividade ou aula e como a sua aprendizagem vai beneficiá-los.
Nível 3: Estimular a aprendizagem prévia (Recuperação). Quando os alunos aprenderem algo novo, procure combinar as novas informações com outras relacionadas ou assuntos que aprenderam anteriormente. Por isso, é importante rever todo o aprendizado anterior e aplicá-lo no que os alunos estão aprendendo agora. Além disso, pergunte se eles têm alguma experiência anterior com o tema, ou se eles vivenciaram os problemas que a formação está tentando resolver. Em seguida, faça conexões entre o que eles estão aprendendo, e seu aprendizado anterior.
Nível 4: Apresentar o estímulo (Percepção seletiva). Apresentar a nova informação para o grupo de uma forma eficaz, organizando suas informações de forma lógica e de fácil compreensão. Tente usar uma variedade de mídias e estilos diferentes (como pistas visuais, instrução verbal e aprendizagem ativa) para atender pessoas com diferentes estilos de aprendizagem.
Nível 5: Forneça Orientação de Aprendizagem (Codificação Semântica). Para ajudar o aluno a aprender e reter a informação, forneça abordagens alternativas que ilustram a informação que está sendo apresentada. Ajude o aluno a aprender de forma mais eficaz através da inclusão de exemplos, estudos de caso, os gráficos, contação de histórias, ou analogias.
Nível 6: Provocando Desempenho (Respostas). Nesta fase, você precisa se certificar que seus alunos podem demonstrar conhecimento sobre o que foi ensinado. A maneira como eles mostrarão, depende do que eles estão aprendendo. Se o objetivo era trabalhar um novo processo ou habilidade, peça aos alunos para demonstrar como usá-las (exercícios role-playing podem ser úteis para isso). Se foram passadas novas informações, faça perguntas para que eles possam demonstrar seus conhecimentos.
Nível 7: Fornecendo comentários-feedback (Reforço). Depois do aluno demonstrar seu conhecimento, forneça feedback e reforce alguns pontos, se necessário. Imagine que você ensinou uma nova ferramenta digital para aprimorar habilidades cognitivas. Seus comentários e feedback apontarão seus erros para que possam corrigi-los.
Nível 8: Avaliação de Desempenho (Recuperação). O aluno deve ser capaz de completar uma prova, ou outra ferramenta de verificação, para mostrar que ele aprendeu de forma satisfatória. Testes, questionários curtos, ou até mesmo ensaios podem ser boas maneiras de verificar novos conhecimentos.
Nível 9: Melhorar a retenção e transferência (Generalização). Nesta última etapa, os alunos devem ser capazes de demonstrar o que eles aprenderam de informações, transferindo o seu novo conhecimento ou habilidade para situações que são diferentes das abordadas. Certifique-se de que os alunos tiveram oportunidades o suficiente para usar a nova aprendizagem.
Desenvolvimento de Competências e Metodologias Ativas: a Percepção dos Estudantes de Graduação em Administração
Disponível em: bit.ly/htg6s7. Acessado em 09 de maio de 2024.
Em síntese, como podemos perceber, existem diferenças entre o e-learning síncrono e o assíncrono que impactam tanto na produção do curso quanto na experiência do aluno. Aqui apresentamos os princípios para o desenvolvimento de bons cursos online. E trouxemos os níveis de aprendizagem de Gagné que podem orientar a construção das trilhas
Referências
Bibliográficas
Filatro, A. (2008). Design Instrucional na Prática. Pearson Prentice Hall.
Filatro, A. (2010). Design Instrucional contextualizado: educação e tecnologia. 3ª edição. São Paulo: Senac.
Palloff, R. M. e Pratt, K. (2013). O Instrutor Online: Estratégias para a excelência profissional. Tradução: Fernando de Siqueira. Porto Alegre: Penso.
Savioli, C e Torezani, G. (2020). Design Instrucional e Negócio Digital: Como planejar, produzir e publicar um negócio virtual educacional. Brasília: Clube de Autores.
Princípios de Design Instrucional - EDU621 - 2.5
O e-Learning no contexto do Design Instrucional na Educação
Imagens: Shutterstock
Livro de Referência:
Design instrucional na prática
Andrea Filatro
Pearson Universidades, 2008